Legionella em Portugal - Ultrapassa os 300 Infectados

 


As vítimas mortais identificadas com a bactéria Legionella têm vindo a subir e conforme declarações prestadas pela Direcção-Geral da Saúde o número de mortes poderá aumentar consideravelmente.

O ponto de situação apresenta 9 mortes, 302 infetados dos quais 40 encontram-se em estado grave.

Evidências indicam que o surto está circunscrito às freguesias de Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e Vialonga, em Vila Franca de Xira, zonas às quais se ligam todos os casos identificados.

As investigações da presente matéria continuam a decorrer, apontando as conclusões para a presença de bactérias nas fábricas da região, mais concretamente na ADP Fertilizantes.


Em comunicado, a administração da ADP Fertilizantes S.A:
"A ADP aguarda que a causa da contaminação seja descoberta o mais breve possível, de modo a permitir o regresso à laboração normal de uma empresa onde trabalham, em segurança e há quase 60 anos, mais de 400 trabalhadores”.
“A ADP Fertilizantes, S.A. tem cumprido todas as obrigações impostas pela Lei quanto à análise e tratamento de águas que utiliza nas suas torres de arrefecimento das fábricas” e tem “sido submetida a inspeções regulares pelas autoridades, observando com rigor todas as recomendações por elas feitas”.

Qual a probabilidade de contrair esta bactéria? Como prevenir? Quais os locais propícios?

Um dos locais com maior risco de contaminação da Legionella são as indústrias que contemplam equipamentos e elementos suscetíveis para o desenvolvimento da presente bactéria.

A doença do legionário é provocada por bactérias do género legionella pneumophila provocando uma pneumonia bacteriana, na qual dependendo do seu desenvolvimento pode causar a morte do portador.

A infecção transmite-se por via aérea através da inalação aerossóis contaminados com a presente bactéria.

O risco é maior em locais com uma temperatura da água a rondar os 20°C a 45°C acumulativo em zonas com estagnação ou renovação reduzida da água.

Os sintomas mais comuns apresentam ligeira dor de cabeça, dores musculares, febres altas, arrepios, insuficiência respiratória e tosse.

De um modo geral, cinco ou seis dias depois de um indivíduo inalar bactérias, poderão surgir as primeiras manifestações clínicas, nomeadamente o período de incubação que, no entanto, pode variar entre dois e dez dias.

As pessoas com idade superior a 45 anos, com hábitos tabágicos e alcoólicos, com doenças respiratórias ou renal crónica e diabetes possuem um risco acrescido. 

Os locais relacionados com a Legionella apontam para hotéis, restaurantes, edifícios comerciais e indústrias (torres de resfriamento e ar condicionado), escolas e recintos desportivos, piscinas de natação e recreação, spas, saunas, consultórios dentários, hospitais e clínicas.

Os locais de trabalho com exemplo os sistemas de água que incorporam uma torre de arrefecimento; sistemas de água que incorporam um condensador evaporativo; sistemas de água quente e fria; banheiras de hidromassagem, jacuzzis e banheiras de spas; humidificadores e sistemas de nebulização de água; tubos de água para cadeiras de dentista; tanques de arejamento em estações biológicas de tratamento e estações industriais de tratamento de águas residuais; máquinas de limpeza com água a alta pressão.

Que medidas devem tomar as empresas?

Em primeiro lugar, empresas que apresentam situações anteriormente descritas, deve proceder, no âmbito das suas políticas preventivas à Avaliação de Riscos Profissionais nos locais de Trabalho.

A Lei 102/2009, alterada pela lei 3/2014, no seu artigo 15.º, prevê esta actividade como uma obrigação da entidade empregadora, sujeita a contra-ordenação muito grave, a aplicar pela Autoridade para as Condições de trabalho, nos casos de incumprimento.

A Avaliação de risco nesta situação consiste nas seguintes acções:
- Exame regular da qualidade da água presente nos processos industriais;
- A análise do estado das condutas, junções, isolamentos, dos sistemas de ventilação, irrigação, arrefecimento;
- A análise do estado dos condensadores, termoacumuladores, ares condicionados, humidificadores, sistemas de água quente e fria. Análise do estado de tubos, mangueiras, tanques, reservatórios.

Exemplos de Medidas Preventivas a implementar:
- Limpeza e desinfeção de  balneários e equipamentos contaminados;
- Colocar as entradas de ar novo longe de torres de arrefecimento de sistemas de condicionamento de ar;
- Evitar zonas de estagnação no sistema de distribuição de água quente e fria;
- Estabelecer protocolos de manutenção e desinfecção periódicas dos equipamentos que possam favorecer a multiplicação da presente bactéria.

Fonte: CGTP Notícias

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